04/11/2008

o tempo

o tempo se ocupa em chacoalhar meus quadris. imagino outras espécies. faço planos sem sucesso. engano o tempo que insiste em esconder todo futuro. não vejo nada. vejo tudo. exagero. quase acredito. e volto a pensar no tempo, no caminho e nas voltas e curvas. meu corpo me ascende durante a madrugada na distância entre a última vez e o que não existe. das últimas vezes eu fugi, não havia ânsia, não havia nada. agora há. me enganei de propósito na distância que inventei e agora fantasio escuridões e endereços. posso suspeitar, tatear cabelos e pele, pelos e espaços, me esfregar em minha falta de lucidez. vou inventar também todos os caminhos para conservar o que ainda consigo lembrar. em minha cabeça se misturam cheiros que descem, descem, descem. a cada dia encontro uma novidade, um novo jeito estranho de me aproximar. tenho sentido calor, me apalpado enquanto tiro a roupa enquanto não sinto frio. quando tudo estiver consumado vou querer voltar e ver de longe o que me aconteceu, pedir explicações que não sei dar, não quero dar, não me importam. vou contar alguma verdade pro tempo poder passar. vou fingir, esquecer e não me perdoar.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...
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