Disse a ele que minha vida era muito longa e que talvez ele viesse a se assustar com minha falta de eternidade para quase todas as coisas. Disse também que eu não era boa o suficiente para o amor, e que o amor me enjoava com suas lambidas fora de hora. Mas eu disse que precisava dele mesmo assim, fazia questão de sua presença perseverante, pode ficar, arrisquei. E ele ficou, de verão em verão, agüentando meu calor e meu suor, suportando minhas mentiras de criança que não sabe o que fazer porque não sabe o que sentir. O meu amor demora, o meu amor existe assim: dia sim, dia não. E enquanto espero o fim da chuva, penso e peço: 'venha, amor, venha e me encha dos medos do amor'. Mas os medos que chegam e moram na mesma casa que eu, são medos sozinhos e meus. Ele foi embora, desistiu de esperar um milagre. Depois voltou e eu o recebi. Voltou e não pediu favores, disse que acreditava na sorte. Aceito sua oferta, disse a ele, é claro que ele pretendia mais da vida que lhe deram, mas ainda assim suportou os dias pequenos.
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