05/02/2011

o fim das coisas que não nascem

primeiro ele levou a esperança embora, e depois foi também. cavou com destreza e ignorância um final para aquilo que, por sorte, tinha abocanhado numa dessas voltas estranhas que a vida dá na intenção de ajudar sem barganha. mas ele não percebia e nem se contentava com tais chances e ofertas. com o desespero típico de quem não sabe o que faz, jogava-se um pouco por dia ao nada sem mistério ou sofisticação. de perto, porém distante e só, eu observava gesto tão doente. acolhi a causa e expliquei com a calma de quem acredita, soletrei as palavras, caprichei nas frases e fiz promessas. era um homem cansado e velho em sua estupidez sem solução próxima. uma imagem infeliz era o que se podia observar do alto da montanha. mudei a tática, o caminho e por pouco não fui engolida. agora escapo. ele, sem razão decente, caminha solto e espalha culpas no escuro. mas já não engole mais fogo, suas piadas perderam a graça e o que se vê é a solidão esquecida e sem norte. várias vidas serão necessárias para que a flecha caia no lugar certo, mas eu não posso esperar porque estou ocupada demais com o que nasceu pra ser exato. a alegria é o êxito que se encontra por acaso, cada um que tome conta de seu pedaço, sem disfarces ou adiamentos. a vida não aceita desperdício ou desaforo. fim.

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