16/11/2011

o menor nome do mundo

tinha o menor nome do mundo, o mais curto e mais bonito nome do mundo. seus olhos eram grandes e bem longes um do outro - um me olhava enquanto o outro pensava se me olharia de novo. suas mãos me diziam adeus a todo momento e sua cabeça afirmava que sim, que eu poderia, sim, esperá-lo. em sonho dançávamos uma valsa alegre e longa, dançávamos até o dia amanhecer em outro país que não o meu. eu repetia seu nome várias vezes ao dia, na tentativa histérica de que a repetição dessas duas minúsculas palavras pudessem trazê-lo para perto de mim sem retornos. fazia planos e pensava no passado que eu deixaria pra trás quando juntasse seu nome ao meu. imaginava aquelas poucas letras escritas em uma roupa minha e na casa inteira, em vermelho, claro, a cor da minha imaginação fugidia de sempre. espalhava notícias inventadas sobre mim e aquele nome longe e terno e, dia após dia, fui construindo uma história impossível e minha, tão somente minha. eu era uma ladra de nomes e queria roubar o seu, que era tão pequeno e sonoro, e enterrá-lo sem piedade na terra velha de um vaso que há anos permanecia em minha lavanderia úmida e pouco freqüentada. preciso também falar de seus cabelos, que eram escuros como uma noite sem lua, cabelos que eu fingia me pertencerem e com minhas mãos pegajosas os tateava e arrancava um a um em meus trágicos pensamentos. aquele nome não podia suspeitar de mim e de meus doces gestos ensaiados, se soubesse, fugiria. se conhecesse meu real desejo de enfeitar minha vida com seu nome, mandaria me matar para que pudesse viver em paz. por isso, com grande esforço e concentração, me mantive lúcida aos seus olhos, medindo palavras e disfarçando intenções. pobre vítima minha este nome, que, de longe e em segredo, sofre interferências de meus piores pensamentos. pobres letras, retas e ingênuas, que eu sufoco na noite escura e no dia claro, lá em cima, no céu, e nas paredes que me escondem e protegem todos os meus crimes de amor. tratei de apertar com força seu nome em meu punho fechado, para que essas poucas letras não me escapem jamais e eu as possa lhe devolver um dia, depois de feito o acordo, depois de um beijo roubado.

Um comentário:

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