apagaram as luzes da
casa que era a nossa e encostaram a porta sem promessa de volta. o amor me
enforcou e infelizmente não morri. cheguei atrasada demais e então penso no que
me ensinaram sobre a esperança, minha companhia vazia de agora. o silêncio do
quarto e a televisão desligada pra sempre. a parede recém pintada de branco, a
janela quebrada de raiva guardada e um chão inteiro pra me servir de buraco. não existe tortura maior do que a culpa de ter
oferecido felicidade em doses erradas. a dor divide a casa comigo e não me faz
perguntas, apenas me julga e acusa. não quero dormir nunca mais pra poder
esperar você chegar de repente, no meu corpo, falando coisas bobas baixinho em
meu ouvido, afastando meus cabelos pra poder dizer melhor. nada está morto até
estar, por isso não descanso de acreditar, pois, quando lembro, dou risadas
felizes e fico alegre por alguns segundos. depois o medo volta e permanece a
maior parte do tempo. a realidade de agora tem o tamanho do amor.
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