06/07/2013

um desenho ou o que aconteceu depois

vou desenhar uma árvore grande que não faz sombra nunca e inventar mil frases que expliquem o que eu quis dizer. não vou conseguir, mas vou tentar. tive um sonho em uma noite do último mês, onde alguém gritava: venha me buscar, venha me buscar. é uma boa frase, vou usá-la imediatamente pra explicar uma parte da história perdida que não sei contar. vou desenhar um céu vermelho na parte superior do papel e cantar uma música pra tentar explicar o que eu quis dizer. semana passada, tive um sonho estranho, era verde e algo dentro dele dizia bem baixinho que era pra eu acreditar e esperar. é um bom pedido quando se quer conforto sem grandes esforços. é uma boa chance de mentir que sim, talvez. dormirei somente depois que conseguir explicar tudo, sem possibilidades de dúvidas no final. vou desenhar agora um cão latindo no lado esquerdo do papel, um cãozinho azul e sem pelos na parte da frente de si mesmo. pobre cão, sonhei com ele também, ele existia como se fosse de verdade, como se não coubesse em sonho algum. eu me deitaria inteira agora em uma banheira abarrotada de água se tivesse uma. não tenho uma banheira nem um cão azul. pobre de mim que não tenho o mais importante. eu me arrependo muito e de quase tudo, mas não é sempre, só muito de vez em quando mesmo. não é todo dia e além do mais é quase sempre quando é noite, durante o dia não tenho tempo nem força pra essas realidades. mas costumo sonhar bastante, eu já falei sobre isso? então, eu sonho, muito mesmo, esses dias, acho que há uns anos atrás para ser mais exata, sonhei com um vento desses que não existem na vida comum que levamos, só em sonho mesmo. era um vento fortíssimo e muito molhado, mas era vento, não chuva. lembro-me que acordei bem cansada e quase todos os dias ainda penso nele, no vento. perco muito tempo com coisas que não possuem importância alguma, deve ser por isso. vou desenhar, por último e pela última vez, um retrato de alguém que não conheço, já desenhei, na verdade, está aqui, me olhando para sempre, pendurado na parede do corredor que leva aos sete quartos da casa que vou comprar pra viver feliz e sem explicação.

Um comentário:

Rodrigo Alves disse...

Muito bom.

Ah, o cair da noite.
Seu peso é denso e os sonhos por ela dançam.
E ao acordar
a leveza da manhã
abandona-a por mais um dia de realidade.

Talvez o calor?
ou as cores?

Mas de onde vem a noite?