Os dias estão diferentes, meus apelos são outros e meu olhar anda disperso e sem notícias. Não há definições, só devaneios. Meu coração esbofeteia meu peito, dói. Procuro manter-me em silêncio e, atenta, espero algum aviso. Nada entra pela porta destrancada. Não ouço vozes e nem vejo vultos. Impacientes, minhas mãos aguardam algum destino, estão ansiosas em saber a quem as estenderei agora. Os dedos tentaram fugir na semana passada, os prendi na porta.
Ainda não percebi o momento em que devo começar a correr, não sei se haverá um. Não saber a direção do próximo passo é altamente angustiante. A tortura tem em si as desvantagens do infinito. Queria eu ser uma nuvem, branca, pálida e inalcançável. Rápidas vezes, quase fugi. Não pretendo escapar, porém, não reconheço ainda o lugar, o exato lugar onde devo parar e ficar e gostar de ficar e querer não voltar, e viver de gritar. Como devem ser leves as montanhas, apenas existem. Enquanto, eu, afundo minha incerteza num rio raso sem passado revolto. Estou pedindo socorro e os ecos não retornam. É do amor que eu fujo, sempre. Ele vem e eu disparo a correr sem caminho, sem calor. Dias atrás tomei uma forte chuva. Indiscutivelmente molhada, estive prestes a tomar a decisão de me atirar de uma vez desse arranha-céu que me olha de cima pra baixo e me chama de 'flor'. Quase fui. Mas acabei enfiando-me debaixo de uma árvore austera. Eu não quero me salvar, nunca quis. No entanto, recebi uma oferta, que poderia ser comparada a uma carta que vem do correio e uma letra bonita entrega todas as frases do mundo. Não quero nada que fique, mas ainda não quero que se acabe. É preciso que me amarrem.
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