Te vejo andar por aí. Observo a lascívia das ruas por onde pisa, os perigos que procura sem encontrar. É no silêncio que te amo, escondida atrás de uma árvore. Imagino teus pêlos e teus arrepios. Fecho os olhos e penso em seus dedos. Carrego comigo uma foto sua, que olho vez ou outra. Nosso enredo é feito de palavras poucas e longos olhares desavergonhados. Tenho fascínio por olhares desavergonhados, é de minha natureza. Sou abrupta nas questões do amor, não existe delicadeza alguma em meus beijos e apertos, é com violência que exerço minha ternura e ofereço alguma novidade. Sou uma ópera desesperada. Durante a noite faço de conta que a qualquer momento você possa entrar sem cerimônia e me arrancar os cabelos. Eu te daria tudo. Minhas horas seriam tuas e todas as respostas que não sei eu inventaria. Te convidaria para morar entre minhas pernas. Eu dançaria pra você. Te contaminaria com todos meus pecados e vinganças. Certamente você não tentaria fugir. Mas eu acabaria te abandonando, escapando durante a madrugada pra nunca mais voltar. Nós fugiríamos, eu e minha culpa.
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