19/02/2010

desvarios reais

e estava ela lá, flertando novamente com um suposto amor. tinha idéias descabidas que apagava logo em seguida do pensamento com medo de ser boba o suficiente e ser pega no flagra pelo mesmo destino ladrão que a roubara tantas vezes de seu estado conformador. mas sabia que nesta vida ou noutra qualquer que lhe fosse oferecida, sonharia acordada com plumas brancas deixadas em sua porta como prova de um amor inédito. se cansava por meses, mas depois voltava tonta a inventar que existia algo feito só pra ela, um algo meio alguém afoito por seus beijos e repleto dos machismos que tanto a encantavam. por saber-se tola, escondia-se por detrás de tanta sabedoria que acumulava ao dormir sozinha com seus sonhos mundanos. um dia, pensava, um dia isso acaba. um dia, quem sabe, me torno outra pessoa. esperava realmente por isso, mesmo sem acreditar verdadeiramente. sabia que, pelo menos enquanto estivesse viva, não sentiria nada menor do que ela própria, e bem que gostaria de desejar um pouco menos para que doesse menos em vida. e doía, doía viver essa angustia pesada que a havia sido imposta por um ser sobrenatural antes mesmo de vir ao mundo. que tragédia, pensava, que tragédia. sim, era dramática, quase uma ópera. mas era uma ópera engraçada e, por isso, não sucumbia totalmente, e nem na frente dos outros. será que algum dia a terra se abriria em chamas e algo de novo seria mostrado a ela? sim, esperava um grande acontecimento, queria participar disso, achava que merecia. e merecia mesmo.

Um comentário:

Bia disse...
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